Em um artigo recente do Steven Kotler - Flow Collective Research - o título me chamou atenção "Porque a recessão é excitante?
Sempre gosto de ler os artigos do Steven. São baseados em ciência e, além de ser um excelente jornalista, Steven é autor em parceria com o Peter Diamandis de dois livros que considero essenciais para entender o mundo do 'século XXI: Bold e The future is faster than you Think.
O próprio Steven acabou de lançar o livro A arte do impossível, que está diretamente ligado com as minhas pesquisas no uso da coerência cardíaca para acessar o estado de FLOW e aumentar sua capacidade de Performance e Inovação.
A reprodução do artigo do Steven Kotler com pequenos comentários que adicionei segue abaixo.
Momentos de Incerteza
As mídias que temos hoje são os arautos da catástrofes. Só falam de coisas negativas. Para assistir um noticiário você irá precisar de um lenço para enxugar as lágrimas. Só tragédias! Mas é assim que as mídias conseguem chamar nossa atenção! Nosso cérebro evoluiu para sobreviver. Prestar atenção no negativo me dá a segurança da sobrevivência.
Mas, na verdade, o que estamos enfrentando não é nada novo.
Uma olhada superficial no passado da humanidade mostra nosso forte histórico de superação de probabilidades intransponíveis (a peste bubônica, a era do gelo, duas guerras mundiais e a erupção de vulcões, tsunamis… apenas para citar alguns).
A verdade é que os próximos anos podem ser desafiadores.
Amazon e Meta estão passando por demissões significativas – mais de 10.000 funcionários cada.
E a explosão do oleoduto Nord Stream está colocando uma pressão significativa nos principais setores da economia europeia.
No entanto… Isso não é de todo ruim.
Porque os maiores legados são muitas vezes estabelecidos em períodos de extrema incerteza – por ex. Microsoft, IBM, GE e Uber foram fundadas durante as recessões.
Volatilidade gera oportunidade – para aqueles dispostos a aproveitá-la.
Como Steven Kotler menciona no seu livro “O futuro é mais rápido do que você pensa “, de acordo com Richard Foster, de Yale, 40% das empresas da Fortune 500 de hoje desaparecerão em dez anos, substituídas, em sua maior parte, por iniciantes das quais ainda não ouvimos falar.”
Com a mentalidade e a estratégia certas, você pode se tornar um desses “iniciantes” e não apenas sobreviver a tempos turbulentos, mas prosperar por causa deles.
Aqui estão algumas DICAS para lidar na incerteza.
1. Excitação > Ansiedade
Os seres humanos são, por natureza, organismos ansiosos.
Isso não é um julgamento.
É um subproduto da evolução.
E muito útil nisso.
Diante da incerteza e do perigo, a evolução programou nossos cérebros para despejar grandes quantidades de norepinefrina – que é neuroquímica no cérebro. Aliás é o neurotransmissor do alerta!
Resultando em um estado hiper focado de excitação.
Um estado que nos dá a motivação necessária para lutar ou fugir do perigo iminente. Se o foco muda para medo, geramos estresse.
Estresse e sobrecarga tornam-se mudam o jogo cognitivo, turvam a visão dificultando a mente criativa. E o fluxo é dificultado a cada curva.
Mas é aqui que as coisas ficam interessantes.
Neuro quimicamente falando, ansiedade e excitação – ou antecipação – são semelhantes.
A principal diferença é o quadro cognitivo que você constrói em torno dele. Como você interpreta.
Ao optar por ver os eventos atuais pelas lentes da antecipação – esperando oportunidades e lembrando que a disrupção tende a preceder a prosperidade – você pode usá-los para motivar e estimular a ação.
Para isso, é importante manter a mente investigativa e positiva em ação (mindset de crescimento):
– Se as coisas não melhorarem, como posso seguir o fio da meada dos acontecimentos para sair na frente e encontrar oportunidades no caos?
– Quais são os setores e ativos com histórico de antifragilidade? Como posso capitalizá-los ou modelar os princípios dos quais eles surgem para aumentar minha própria antifragilidade?
– Que vantagens competitivas posso adquirir para tornar as condições econômicas irrelevantes para o meu sucesso?
“Ser capaz de prever o amanhã e ser ágil o suficiente para se adaptar ao que está por vir nunca foi tão importante.”
2. Foco no fluxo de baixo risco
A incerteza e a adversidade são precursores do estado de FLOW.
É por isso que desafios físicos extremos – onde a morte está a apenas um erro de distância – consistentemente levam as pessoas à “zona”.
Mas isso representa uma ameaça muitas vezes ignorada.
Quando a incerteza e o perigo são suas principais fontes de FLOW, isso pode levá-lo a ações imprudentes e contraproducentes.
Por exemplo…
– O executivo agressivo que abandona uma estratégia comprovada em favor de um jogo mais empolgante – mas irracional.
– O investidor que perde tudo em um mau negócio porque não conseguiu lutar contra o despejo dopaminérgico de ir “all in”.
– O viciado em adrenalina que descuidadamente persegue sucessos cada vez maiores até pagar o preço final.
Na melhor das hipóteses, esse comportamento pode levar ao desastre. Como contemporizar?
Certifique-se de não correr riscos pessoais ou profissionais indevidos para produzir FLOW durante tempos incertos – há riscos suficientes inerentes ao nosso ambiente atual.
Em vez disso, concentre-se em obter o estado de FLOW por meio de baixo ou nenhum risco.
Isso pode ser tão simples quanto definir metas claras para si mesmo todas as manhãs, trabalhar em ambientes novos e desconhecidos (pense: uma cafeteria ou escritório de coworking) ou submeter seu desempenho ao feedback diário de um coach, colega ou mentor.
Cada um desses gatilhos de FLOW – objetivos claros, novidade e feedback imediato, respectivamente – oferece caminhos de baixo risco para impulsionar níveis mais altos de foco e realização diariamente.
Ou pode significar obter seu estado de FLOW fora de sua profissão em ambientes controlados, mas de alto risco, como por exemplo:
– Inscrever-se em uma academia de jiu-jitsu e competir em torneios locais. – Escolher um esporte desafiador. – Apresentar-se em stand-up local ou noites de microfone aberto.
Os maiores líderes e inovadores do mundo entendem – implícita ou explicitamente – a importância do estado de FLOW extraprofissional.
– Sergey Brin pratica ioga acrobática estilo Circ du Soleil – Peter Thiel é um ávido caminhante e surfista – Joris Merks-Benjaminsen, chefe de pesquisa do Google Benelux, é faixa preta em judô e aikidô – Richard Branson é famoso por hobbies ecléticos de alto fluxo, incluindo iatismo, kitesurf, paraquedismo e ciclismo.
Flow é um servo poderoso, mas pode ser um mestre perigoso; especialmente em tempos de grande incerteza. Ao aprender a entrar em estado de FLOW sem adicionar riscos, significa aumentar exponencialmente a capacidade de ação eficaz e precisa para sair na frente!
Por Solange Mata Machado é diretora-executiva da Imaginar Solutions. Doutora e mestre em inovação e competitividade pela FGV com pós-doutorado (pós-doctor) em neurociência aplicada à tecnologia pela UFMG. Engenheira elétrica com BS pela Universidade Columbia (EUA) e especialização em empreendedorismo e inovação pela Universidade Hitotsubashi (Japão), pela Universidade Renmi da China, pelo Technion – Instituto de Tecnologia de Israel, pela Universidade Yale (EUA), pela Babson College (EUA) e pela Creative Education Foundation (EUA). E contribui com o portal digital Business Leaders e palestrante do evento CIO Leaders.
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