A pergunta que mais tem sido feita por provedores de internet regionais em eventos e rodas de discussões é se eles irão sobreviver ao 5G.
Como a quinta geração promete uma conexão mais rápida e robusta, muitos imaginam que a nova tecnologia irá concorrer diretamente com a internet fixa. Mas será mesmo?
A dúvida acontece em pleno crescimento do mercado de banda larga fixa. Segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), os assinantes de banda larga fixa passaram de 36,3 milhões em dezembro de 2020 para 41,4 milhões em dezembro de 2021, um crescimento de 14%. O destaque fica para os acessos realizados com fibra óptica, que somaram 26 milhões ao final de 2021. Isso porque o número de provedores de internet que fornecem fibra óptica aumentou. Segundo a pesquisa TIC Provedores, realizada com dados de 2020, 90% dos mais de 12 mil provedores de internet no Brasil oferecem conexão por fibra óptica. Mas como esse crescimento acontece em uma fase que precede a implementação da tecnologia 5G, as dúvidas persistem. Porém, os que imaginam esse cenário catastrófico no setor de Telecomunicações, devem considerar alguns pontos:
Infraestrutura do 5G A base para a implementação da tecnologia 5G é a fibra óptica. As operadoras precisam de um backbone que interligue as inúmeras estações bases que irão transmitir os sinais do 5G. Essa infraestrutura, vale lembrar, é muito maior do que o que era necessário para as outras gerações, por ser mais potente, o 5G exige mais estações bases e backbones robustos para trafegar uma maior quantidade de dados. Dessa forma, o 5G tem uma demanda maior por infraestrutura que cria oportunidades para os provedores de internet, afinal é mais barato usar infraestruturas existentes do que construir infraestruturas do zero.
Volume de dados
A tecnologia não regride, ela avança, assim como o volume de dados que estamos produzindo. As tendências como o Metaverso, IoT (Internet das Coisas), tecnologias que usam inteligência artificial, análise de dados e os recursos necessários para avançarmos para cidades inteligentes exigem conectividade de qualidade fornecida por uma rede estável que só a fibra óptica proporciona.
Hoje dos 7 bilhões de pessoas no mundo, 4,9 bilhões estão conectadas e produzindo dados, segundo levantamento do We Are Social (agência global de pesquisa de mercado especializada em tendências digitais), além de termos 12 bilhões de dispositivos IoT conectados globalmente, que devem chegar aos 43 bilhões em 2023, de acordo com previsões do Gartner. Portanto, a tendência é de aumento de tráfego e maior demanda por infraestrutura de conectividade.
Conexão confiável
Por mais que o 5G seja um avanço em relação às outras gerações, a internet por ondas de rádio não é tão estável quanto uma internet via fibra óptica. O sinal sofre inúmeras interferências e é bem mais suscetível a falhas. Para quem precisa estar sempre conectado, a internet 5G não é a melhor opção, principalmente quando falamos de conectividade para trabalho. Além disso, a pandemia criou uma realidade mais propícia ao trabalho remoto, na qual as pessoas precisam de internet confiável não só nas empresas, mas também em suas residências. Sem falar nos serviços que passaram a ter uma integração maior com o digital, como a educação e a saúde.
Custo da internet
Por fim, temos o custo da internet. A internet 5G custa caro em termos de infraestrutura e isso é repassado ao consumidor com ofertas de planos com internet limitada, ao contrário da banda larga fixa, que possui pacote de dados ilimitado. Com os recursos de vídeo, streaming, jogos e nuvem que usamos diariamente, além das tendências que estão por vir como o Metaverso, fica impossível não atingir o limite do pacote de dados disponibilizado, principalmente usando somente a internet móvel. Portanto, a tendência é que a demanda por internet banda larga fixa continue aumentando mesmo depois da chegada do 5G, e por mais que exista uma competição acirrada no mercado de telecomunicações, os provedores de internet vão continuar o seu trabalho de levar internet de qualidade a cada canto desse país por muito tempo. Por Cassio Lehmann, diretor de Vendas e Marketing da Eletronet.
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